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Compra do imóvel impacta qualidade de vida para 80% dos brasileiros

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e da Brain Inteligência Estratégica, 70% dos brasileiros que fizeram compra de imóvel em 2021, fizeram a aquisição para sua própria moradia.

Apenas 29% dos compradores vêem o imóvel como investimento, enquanto 1% adquiriram para seus filhos ou parentes.

“O imóvel foi e continuará sendo um porto seguro para as famílias. É o local onde as pessoas podem descansar após um dia de trabalho ou estudos. Atualmente, com a realidade do home office ainda presente para muitos trabalhadores, a casa mantém seu papel de relevância”, comenta Luiz França, presidente da Abrainc.

Em termos de qualidade de vida, o estudo revelou critérios que impactam na decisão de compra de imóvel. Entre os respondentes, 71% disseram que estariam dispostos a pagar mais para morar perto do trabalho, 83% com proximidade de supermercados e 59% perto de farmácias.

Os dados também mostram que o preço médio das propriedades compradas por brasileiros é de pouco mais de R$240 mil e que apenas 31% dos entrevistados conseguem adquirir sua moradia com preços superiores a R$250 mil, que são em média compradores com renda salarial acima de R $16,5 mil.

Investimento para o futuro

Para Mike Mendes, 29 anos, publicitário, existia a vontade da compra de um imóvel, mas com os juros e a falta de renda, o sonho da casa própria foi adiado por anos, até que em 2020 a oportunidade apareceu.

“Buscamos muito, daí surgiu uma proposta irrecusável de financiamento, em termos de localização e valor, além de uma taxa de juros de  7,7% no financiamento”, diz Mendes. O publicitário acredita que o imóvel é um bom investimento para o futuro, por ser seguro. “A chance de desvalorização é muito pequena.” 

Outra preocupação de Mike foi durante o período de pandemia que ainda era incerto para quem é assalariado e depende da renda para arcar com o financiamento. ”O nosso objetivo [dele e da esposa] foi pensar em parcelas que poderiam ser pagas com um serviço que não fosse nossa profissão, já pensando em caso de demissão a qualquer momento do financiamento”, conta.

Casas sustentáveis e próximas da natureza

De acordo com Eduardo Muszkat, co-fundador e Head de Crédito Imobiliário para Incorporadoras da Kzas Krédito, assessoria para crédito imobiliário, a possibilidade do trabalho remoto criou novas formas de se relacionar com as empresas. Já que a exigência da presença foi relativizada, é possível que os funcionários estejam em outras cidades ou até mesmo em outros países.

“A máxima de morar perto do metrô para facilitar a chegada mais rápida ao trabalho foi parcialmente substituída por ‘preciso de uma casa maior, com um escritório de onde possa trabalhar tranquilamente'”, diz. 

Muszkat reforça que há também um outro grupo que é o de pessoas que buscam o seu segundo imóvel para lazer. “Muitas pessoas querem adquirir um segundo ou terceiro imóvel para passar momentos no campo, no interior ou na praia, seja para descansar ou mesmo tirar uma folga com a família.”

É o caso de Ricardo Forli, 44 anos, empresário que investiu em um imóvel no interior de São Paulo, distante do caos urbano para descansar.

“Com as restrições gerais que a pandemia trouxe, o sonho da casa de final de semana ficou mais forte, porque teríamos liberdade e acesso ao ambiente outdoor, contato mais próximo com a natureza e, principalmente, espaço para a prática de esportes”, afirma.

Ciclista aproveita a natureza ao livre para prática de esportes
Interior de São Paulo virou destino para atividades ao ar livre durante o isolamento social/ Crédito: Pixabay

O que justifica outro ponto do levantamento da Abrainc destacado por 57% das pessoas é o fato de preferirem espaços arejados e integrados à natureza. “Era pra ser final de semana, mas como a vida profissional virou mais remota mesmo no pós pandemia, estamos considerando [ficar] meio lá, meio cá”, diz Forli.

Para França, o consumidor está mais atento às boas práticas de impacto ambiental. “As novas tecnologias da construção – que incorporam o uso de itens com maior eficiência e menor uso de recursos naturais – e práticas voltadas à sustentabilidade – como utilização da energia solar e reaproveitamento da água – já fazem parte da realidade das incorporadoras, que buscam oferecer produtos para atender os mais variados tipos de demandas dos clientes”, ressalta o executivo.

Entre os respondentes, 56% relataram ainda que estariam dispostos a pagar mais por um imóvel com tecnologia para reutilização de água das chuvas. Outros 66% dos entrevistados consideram como importante e estariam dispostos a pagar mais por um imóvel abastecido por energia solar. 

O Ricardo Forli reforça que, de fato, está mais conectado com demandas sustentáveis e aquisição de bens com menor dano à natureza. “Sei que nossas ações mínimas, principalmente de consumo, impactam o mundo.”

Compra de imóvel ainda é status para maioria

56% dos entrevistados acredita que, ao adquirir um imóvel, o status social do proprietário é modificado, tanto pela posse quanto pela segurança e pelo investimento a longo prazo.

Mendes pensa diferente: “Eu enxergo como uma conquista. Agora, se fosse um carro de luxo ou bens mais sofisticados, como acessórios, roupas e viagens, por exemplo, traria mais status”, finaliza.

28/03/2022 Fonte: Jornal Estado de São Paulo